terça-feira, 8 de março de 2011

Acordou com a chuva, precisava de um lugar para se esconder, pensou e decidiu levantar, dessa vez a cabeça não latejou tanto, juntou o pouco que tinha conseguido carregar do inferno...
Só a simples lembrança lhe trazia arrepios a espinha, mas era passado, um terrivel e aterrorizante passado, mas ainda sim não faria mais parte de sua vida, sorriu por detras dos olhos inchados, nunca mais aquilo aconteceria de novo, não permitiria mais que alguém mandasse em sua vida novamente, alisou a saia rasgada e suja pensou no tempo em que tudo era mais simples e que vestia tecidos finos e belos, bom aquilo não era mais sua vida a muito tempo, desde que havia sido vendida, cuspiu no chão, ninguém mais a destruiria daquela forma.
Caminhou na chuva devagar saboreando a água que molhava o rosto e o corpo, quando era criança banhos de chuva eram frequentes, a mãe dizia que a chuva lavava a alma, e foi examente o que sentiu, pela primeira vez desde que saira do inferno se sentia livre!
Pulou, correu, dançou e girou, a liberdade tinha um gosto ótimo, desde os 13 anos não se sentia assim, limpa, sem sujeira, pura... A chuva estava se tornando forte, olhou em volta, ao longe avistou uma pequena cabana com a aparencia abandonada, resolveu caminhar até lá.

domingo, 6 de março de 2011

Cansada olhou em volta, não conseguia lembrar o que tinha acontecido se sentou na grama e riu alto e desesperadamente, mal podia acreditar! Olhou as mãos, os braços, estavam inteiros, a roupa havia se rasgado no caminho, os pés estavam esfolados.... Mas o que importava, estava viva afinal não é?
Agora precisava descobrir onde estava, se levantou devagar, quando conseguiu ficar de pé uma vertigem terrível a derrubou no chão, colocou a mão na cabeça que agora latejava, sentiu algo quente, bom afinal não estava tão ilesa como constatou... O sangue nas mãos revelou  que a fuga não havia sido tão bem sucedida, olhou em volta novamente, agora os olhos ardiam como fogo, e de repente a escuridão...
Será possível que tenha ficado cega? Tateou em volta e encontrou a bolsa, procurou no interior dela o cantil com água, despejou um pouco nos olhos e na região da cabeça onde havia encontrado sangue.
Os cabelos castanhos que um dia foi tão invejado agora estavam curtos feitos os de um rapaz, resolveu descansar um pouco afinal a cabeça pesava... Mas, e se dormisse e não mais acordasse? Não podia dormir pensou em pânico, tentou abrir os olhos, mas inutilmente, afinal nada enxergava. O desespero tomou conta dos seus pensamentos, não podia deixar que aquilo ocorresse, havia lutado tanto para fugir daquele inferno, para que? Para nada? Para morrer sozinha nem sabia aonde?
Tateou novamente em volta, e encostou-se a uma arvore da onde estava próxima, pegou a pequena bolsa e se agarrou a ela, será que ainda restava alguma comida? Enfiou a mão na bolsa e encontrou um pedaço do que imaginou ser o pão que vinha carregando a uma semana, mordeu  e esperou, quem sabe passasse alguém e a ajudasse...