domingo, 16 de janeiro de 2011

Minha adorada Catherine,
Estou sentindo muito sua falta, querida, como sempre, mas hoje é um dia especialmente dificil porque o oceano esta cantando para mim, e a canção fala da nossa vida juntos. Quase posso sentir você ao meu lado enquanto escrevo esta carta e sinto o perfume das flores silvestres que sempre me faz lembrar de você. Mas neste instante, essas coisas não me dão prazer. Suas visitas estão ficando cada vez mais raras. Às vezes  sinto como se a parte mais importante de mim estivesse sumindo aos poucos.
Mas estou tentando. À noite, sozinho, chamo por você, e naqueles momentos em que minha dor parece insuportavel, você ainda encontra uma maneira de estar perto de mim. Na noite passada, sonhei que via você no molhe perto de Wrightsville Beach. O vento agitava seus cabelos e seus olhos refletiam o brilho do sol que se punha. VOCÊ É LINDA, pensei, enquanto a admirava.
Eu começava a caminhar devagar na sua direção e, quando por fim você se virava para me olhar eu percebia que havia outra pessoas em torno , todas também olhando pra você."Você a conhece?", perguntavam eles, com uma ponta de inveja , e, enquanto você continuava sorrindo pra mim, eu respondia dizendo a pura verdade: "Mais do que meu proprio coração." Eu me detinha quando chegava ao seu lado e tocava seu rosto delicadamente. Você inclinava a cabeça e fechava os olhos. Nesse instante como sempre, uma névoa começava a crescer a nossa volta e nos envolver, impedindo nossa fuga. Como uma nuvem que se envolve sobre si própria, ela apagava tudo ao redor, fechando-se sobre nós, até que tudo desaparecia e somente nós dois permanecíamos. O olhar que você me dirigia naquele instante ainda está nítido na minha lembrança. Eu sentia sua tristeza e minha própria solidão. Então você abria os braços e recuava alguns passos, mergulhando na névoa, porque aquele lugar era seu, e não meu. Eu ansiava por estar com você, mas sua única resposta era acenar com a cabeça, porque ambos sabíamos que isso era impossível.
E eu ficava a olhar, com o coração partido, enquanto você sumia aos poucos. Eu me esforçava para me lembrar de tudo sobre este momento, de tudo a seu respeito. Mas sua imagem começava se desvanecer depressa, muito depressa, e eu me via sozinho naquele molhe, sem me incomodar com que os outros pudessem pensar.
Eu baixava a cabeça e começava a chorar, a chorar, a chorar.

                                                                                      Garret.



Uma carta de amor - Nicholas Sparks (Seleções de livros - pgs 199 - 200.)